domingo, 7 de dezembro de 2008

Manual de resistência da indústria do jornalismo

Admito que o título pode ser meio exagerado, mas serve para chamar a atenção do assunto. O Trulia Blog publicou um post onde discute onze pontos para salvar a indústria do jornalismo. Em resumo, seriam os seguintes (com comentários meus):


1) Foque naquilo que você faz de melhor - No caso dos pequenos jornais, isso tende a ser o jornalismo regional. Um jornal deve se esforçar ser leitura obrigatória. Se não faz bem aquilo que se propõe a fazer, tende a se tornar irrelevante.

2) Mantenha e desenvolva seus jornalistas - Assim como as pessoas assitem televisão ou ouvem rádio pelas pessoas que lá trabalham, elas também leem jornais de acordo com os jornalistas. O jornalista é uma marca, por isso deve ser levado em consideração.A relação do jornalista com os leitores constrói credibilidade para o jornal.

3) Socialize o conteúdo - Nas páginas do jornal, disponibilize serviços como RSS, compartilhamento em sites de social bookmarking e newsletters. Também se esforce para que seu conteúdo seja disponibilizado através de sites como o Google.

4) Construa relações e terceirize serviços - Ao invés de oferecer classificados, por exemplo, pode ser mais rentável e eficaz fazer parceirias com empresas que priorizam esse tipo de serviço.

5) Construa um website DECENTE - Um site que não é facilmente navegável dificilmente é acessado mais de uma vez. As ferramentas de manutenção de conteúdo evoluiram e o formato blog é fácil de utilizar.

6) Reinvente e mude o foco da equipe de vendas.

7) Ofereça links para seus competidores - O leitor quer entender o que está lendo, fazendo seu site se tornar um ponto de partida para o conteúdo. Pode parecer paradoxal, mas o Google faz isso há dez anos e tem dado certo. Recentemente, o próprio New York Times começou a fazer isso.

8) Crie comunidades - A internet é uma grande facilitadora da comunicação. Quem estudou as teorias lembra do velho esquema emissor -> receptor. Hoje em dia, a web subverteu essa relação de forma que todo mundo emite e recebe mensagens o tempo todo. Como disse um dos Ricardos-guias desse blog (não nessas palavras), o leitor sempre tem a palavra final, o jornalista apenas fomenta o assunto e agrega informações.

9) Crie redes com seus conteúdos.

10) Reavalie constantemente sua estratégia para a versão impressa - Com a crise do papel, muitos jornais estão fechando as portas. Migrar para o online é um passo importante, sendo necessário poder prever sempre quando isso irá acontecer.

11) Corte custos!

Ao mesmo tempo, o Observatório da Imprensa publicou um texto sobre a última coluna de Deborah Howell, ombudsman do The Washington Post, que trata de 10 sugestões para garantir a saúde de um jornal, que reproduzimos abaixo:


1) Exclusividade é uma virtude. As notícias podem estar em qualquer lugar, mas os leitores contam com os comentários de colunistas e artigos aprofundados que só serão encontrados no Post.

2) Ofusque rivais fazendo o que você faz melhor. No caso do Post, isto significa foco nas notícias de Washington. Ninguém deveria fazer um trabalho melhor do que o Post na cobertura da transição presidencial e do novo Congresso, defende Deborah.

3) Leitores, não esperem que o jornal em papel seja completo; hoje, é necessário ir à versão online do jornal para determinadas informações e análises que não cabem no espaço restrito da edição impressa.

4) Se informações podem ser encontradas em vários lugares, é justificável que elas sejam cortada da versão impressa – como a tabela com valores de ações da Bolsa, por exemplo. No entanto, há certos suplementos que não devem ser cortados, como os que contém dicas de programação de final de semana.

5) Jornalistas devem saber contar histórias de maneira rápida e atraente aos leitores.

6) Leitores querem saber o que está acontecendo na sua cidade, em seu país e no mundo. Ainda que as sucursais do Post estejam diminuindo de tamanho em diversos países, é importante manter a cobertura do Oriente Médio, Afeganistão, Paquistão e Índia.

7) É preciso priorizar as informações; o pouco tempo que o leitor pode disponibilizar para a leitura deve ser levado em conta pelos jornalistas.

8) Os leitores gostam de encontrar nas páginas do jornal reportagens investigativas exclusivas. Nos últimos anos, um dos projetos que mais chamaram a atenção no Post foi sobre o (péssimo) tratamento recebido pelos veteranos de guerra do Hospital Militar Walter Reed.

9) O Post deve monitorar temas como governo local, negócios, educação, legislação e judiciário. O papel básico do jornal como prestador de serviço deve permanecer forte.

10) Os leitores gostam de matérias que reforçam o lado humano. É necessário que, nas matérias com personagens, seja transmitida a sensação de como é ser aquela pessoa naquele contexto.

Nesse meio tempo, apenas uma coisa é certa, e esta é a boa e velha catch-phrase de Alberto Dines: Você nunca mais lerá jornal da mesma maneira.

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